Das PDAs

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

 As pessoas revelam-se bastante obcessivas com as passagens de ano. Eu não compreendo porque é que as pessoas querem começar em festa um novo ano que vai ser exactamente igual a este só que com preços mais caros, impostos mais altos e ordenados mais curtos. A não ser que a vossa avó rica esteja prestes a morrer e a deixar-vos uma bela herança e aí sim, 2014 promete ser "o" ano.
 Mas não pensem que eu sou materialista. É só porque tudo o resto vai continuar a ser igual. Os homens vão continuar a não mandar sms depois de um date se não estiverem interessados, os professores vão continuar a dar negativas se fores para um exame de ressaca e a EMEL vai continuar a multar quem não pagar parquímetro.

 Hoje um amigo meu estranhou duas coisas em mim. A primeira foi eu não ter resoluções de ano novo. Eu respondi que achava que as resoluções se devem fazer ao longo do ano todo e não apenas no dia de estrear o calendário. Ele disse-me que achava que o dia 1 é um bom dia para começar uma nova promessa pois é quando as pessoas todas também o fazem, e eu disse que dispenso actos de carneirada. Toda a gente faz resoluções no dia 1, toda a gente as cumpre em Janeiro e toda a gente desiste em Fevereiro, por isso pra mim essas promessas em massa não fazem qualquer sentido. Um exemplo típico é o runner boom que se observa em Belém: um aumento exponencial do número de de corredores à beira-tejo em Janeiro, número esse que em Fevereiro já se reduziu a metade e que em Março já está reduzido aos habitués.

 A segunda coisa que ele estranhou foi eu ter-me negado aos convites para festas de passagem de ano que tive. Se no ano passado quase que chorei por não ter nenhum, este ano tive e não os aceitei. Chama-se a isto maturidade. Não me apetece ir para o Terreiro do Paço ver o fogo de artifício porque não quero começar o ano novo com uma constipação à espera eterna do Táxi. Não me apetece ir para casa de familiares ter de gramar com a final de um reality show ou com um filme qualquer daqueles que passa todos os anos. E não me apetece estar com um grupo de amigos em que metade deles são ex-namorados com novas namoradas.
 Apetece-me ficar em casa a jantar calmamente um caril e a ver The Rocky Horror Picture Show. Vou entrar em 2014 a vociferar I'm just a sweet travesti from transsexual Transylvannia.

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