Como incluir o Edward Scissorhands e a Fátima Lopes no mesmo post

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016



 Uma pessoa (ou melhor, eu) entra no salão de cabeleireiro a pensar "entro aqui em modo estudante de engenharia e hei-de sair daqui em modo estudante de ciências da comunicação, me aguardem". E afinal sai de lá em modo Britney-Spears-meltdown. Pronto, estou a exagerar, eu não tinha um guarda-chuva à mão. Eu explico.
 Percebi logo que aquilo não ia correr bem quando entro no cabeleireiro e aquilo estava mais para um infantário. Aparentemente tinha havido greve na escola, e a criançada quer do staff quer dos clientes estava por ali a brincar aos jardins zoológicos. Ainda mais azul fiquei quando, apesar de ter chegado à hora que a senhora cabeleireira me pediu ( uma hora extremamente concreta chamada "Venha às 18h para cortar, mas chegue um bocadinho antes para fazermos a depilação") e ela está ali perante todo um brushing prestes a começar.
  Lá fui eu à procura de uma revista Maria para me entreter. Iniciei portanto a minha demanda por tentar encontrar uma revista que fosse pelo menos do ano 2016 e... milagre dos milagres, apareceu-me uma revista desta semana. Ainda fiquei ali muito tempo a ler e reler a data, para ter a certeza que os meus olhos não me traíam e que afinal aquilo não era de 2006 ou assim. Mas era mesmo desta semana! E com o Cláudio Ramos na capa a prometer 25 páginas de leitura de qualidade, o máximo!
 Três solstícios depois sou chamada para me sentar na cadeira das lavagens. Na cadeira ao lado, a filha da cabeleireira empoleirada a gritar-me ao ouvido. E, por cima de mim, a cabeleireira a gritar também com a filha. E eu ali a dar a melhor poker face perante a saúde de tal família. Ainda achei que a senhora ia ser esperta o suficiente para compreender que uma criança de 4 anos não fica quieta só porque os pais a mandam, mas que o sucesso eventualmente advém quando lhe passam para a mão um papel e uma caneta, um livro de colorir ou assim na loucura, um tablet com jogos. Mas não, a senhora continuou a achar que eficaz-eficaz é berrar e ameaçar a uma criança que ou fica quieta ou apanha e que nunca mais volta para ali.
 Passamos então à cadeira do corte, escoltadas pela pirralha. A cabeleireira não faz ideia do que é um Bob (mas que cabeleireira é que chega a 2016 em saber o que é um Bob??? Alô, Kylie Jenner, já ouviu falar?). Eu tentei explicar. Ela pareceu perceber. Afinal não percebeu, e cortou-me o cabelo de uma maneira... bem... a melhor descrição que eu consigo fazer é: um corte de cabelo igual ao da Fátima Lopes há uns bons atrás, mas invertido - mais curto atrás do que à frente. Conseguem imaginar? A sorte dela foi que, como eu não pedi pra fazer brushing, não me apercebi daquele desastre com o cabelo molhado.
 Passando à salinha da esteticista, a qual está de baixa, foi a mesma senhora a fazer-me as sobrancelhas. E sendo a mesma senhora, claro que a filhota veio atrás. E esteve ali o tempo todo, a sussurrar ao meu ouvido "mãe, tenho fome, mãe posso ir à casa-de-banho?, Mãe quando é que vamos pra casa? Mãe que horas são?". Eu só pensava "ainda bem que vi só fazer as sobrancelhas, ora imagina que eu vinha fazer as virilhas?".
 Fugi dali a correr, cheguei a casa, deparei-me com o Fátima-Lopes-invertido, tive um derrame cerebral, entretanto recuperei, peguei na tesoura e cortei o meu próprio cabelo. E acho que não ficou nada mal. Ou pelo menos, pior era impossível. Até agora ainda ninguém me perguntou nada e quando pergunto se se nota que cortei o cabelo todos me dizem "não estava já assim?" portanto acho que ficou óptimo.
 Fica a dica para a minha ex-cabeleireira (sim ex, nem mais um telefonema te faço, sua incompetente): ainda abro o meu próprio salão, onde farei cortes de cabelo muito melhores do que tu e onde vou ter cubinhos e puzzles para manter as crianças entretidas em vez de precisarem de chatear os clientes. Beijinho!

0 micoses:

Enviar um comentário

Copyright © 2010 Comichão Psicológica | Free Blogger Templates by Splashy Templates | Layout by Atomic Website Templates