O homem peixe-dourado

terça-feira, 3 de junho de 2014

 Contexto: Há 2 posts atrás disse que o homem descendia do peixe dourado, pensando na característica de poder crescer conforme as dimensões e potencialidades do espaço em que é inserido. Estava a ser sincera: Acredito que num ambiente limitado, um homem cresce com limitações, enquanto que num ambiente com maiores potencialidades um homem tem capacidade para evoluir muito mais.

 Introdução: Ainda a pensar nesta temática e em homens e em peixinhos dourados e, principalmente, observando ambos no seu habitat natural, crio agora uma nova tese mais particular: a de que alguns homens (e agora estou mesmo a aprofundar isto ao nível do género masculino qual gaja-pseudo-pindérica que tento não ser) ainda mantêm muito profundamente as características do ser de onde evoluíram. Falo dos homens que possuem um tipo de memória ultra volátil, ou seja, que apenas se lembram daquilo que têm à frente dos olhos.

  Exemplos: O homem-peixe-dourado só se lembra de que precisa de papel higiénico quando fica na incómoda situação de estar no wc e não ter onde se limpar. Só se lembra de que precisa de ir ás compras quando tem fome e a sua dispensa se apresenta vazia da silva. Só se lembra de pôr gasóleo quando fica parado em pleno IC19.

 Ser um homem-peixe-dourado: Pode ser grave ao ponto de este espécime se lembrar que tem de ir carregar o telemóvel quando, ao fazer um telefonema, recebe a típica sms da operadora a dizer "se queres, vai pagar primeiro" e, interceptado pelo roomate, fica entretido com este a jogar playstation durante 2 horas, quando se lembra que ficou uma vez mais de fazer um telefonema e, ao faze-lo novamente, recebe novamente a sms "se queres, vai pagar primeiro".

 A namorada do homem-peixe-dourado: Até aqui, tudo isto roça ao engraçado e ao nada-de-grave-por-aí-além. E é aí que aparecem as queixas da namorada do peixinho-dourado. Porque o seu homem é capaz de passar dias sem lhe dizer nada até ao momento em que esbarra com a sua foto no facebook e lá diz um olá pelo chat, no auge da sua inocência, sem reparar que há 3 dias que não comunica, e vamos lá ver que 3 dias para uma namorada são 3 dias de "mas será que ele conheceu outra pessoa? ou está doente? ou morreu?" e vai-se a ver e não é nada, o coitado do peixinho dourado esteve apenas entretido com as actividades que lhe surgiram em frente ao nariz. Ou então, diz a namorada, numa festa com várias pessoas, o peixinho-dourado é capaz de não falar com ela até à altura de irem para casa, pois cada pessoa que vai encontrando é um novo amigo a descobrir, uma jola a oferecer, e nada mais existe ali além da pessoa que lhe surgir à frente até que surja outra, uma nova conversa, uma nova jola a oferecer, e a namorada que se amanhe - neste caso eu, Dr. Phil, recomendo vivamente 3 penaltys pra entrar no ritmo e ficar a espalhar magia na pista de dança até que o peixinho dourado eventualmente esbarre os olhos em si e se lembra "OMG I got a girlfriend right here being sexy and dancy (sim inventei esta palavra agora)".

 Sentença: Agora vamos lá ver, deverá o pobre peixinho ser condenado por isto? Afinal, estamos a falar de uma característica que lhe é intrínseca e que acaba por fazer dele efectivamente quem é. Um peixinho dourado num aquário não seria a mesma coisa se pensasse como um tubarão. Além disso, é capaz de ser bonito se pensarmos que, se um peixinho dourado se apaixonou por ti um dia, então certamente vai-se apaixonar por ti novamente cada vez que te puser os olhos em cima. Cada beijo/abraço/toque/olhar/festinha na barba/lambidela do esternocleidomastoideu vai despertar nele a sensação do primeiro beijo/abraço/toque/olhar/festinha na barba/lambidela do esternocleidomastoideu. É difícil que ele se venha a fartar de uma pessoa de quem gostou uma primeira vez.

 Conclusão: Quando a tiver, prometo partilhá-la com a sociedade portuguesa de aquacultura.
                     Edit (11/01/2016): Fujam.

1 micoses:

*Nightwish* disse...

O melhor post de sempre!! Merecias uma edição numa qualquer revista científica xD
Por acaso, a questão que colocaste de homem evoluir conforme o "espaço" que tem disponível é perfeitamente aplicável. É o que nos rodeia que faz de nós o que realmente somos.
Mas vá, chegaste, de certa forma, à mesma conclusão do que eu em termos de memória =P ******

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