Casórios

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

 Domingo foi dia de casório. Já não ia a um há mais que séculos mas tenho ideia de ter pensado exactamente o mesmo que pensei neste último: os casamentos são a tradição mais medieval e bimbalhona que existe. Pelo menos em Portugal, não faço ideia como será a tradição noutras culturas (de facto devia pesquisar sobre isso).
 Nada contra o casamento em si. É um acto simbólico como qualquer outro. Mas todo o evento é tão... sei lá... tão "meh".
 Primeiro, os vestidos de noiva parecem-me sempre todos iguais. Eu tenho sempre de desejar as felicidades à noiva em vez de um típico "estás tão linda, que orgulho" porque me sinto a mentir. Os vestidos são sempre compridos, brancos e variam muito pouco entre alternativas de renda/brilhantes/com ou sem véu/um pouco mais branco ou um pouco mais pérola/com ou sem alças. Juro que quando vi a noiva achei que o vestido dela era igual ao que a minha irmã teve - o que duvido muito, mas eram dois vestidos branco/pérola/beige/cor-pastel-qualquer-a-remeter-para-uma-falsa-pureza, sem alças e com véu. Coisa mais aborrecida.
 Juro que se algum dia acontecer essa coisa que eu me casar - não, não me vou armar em coitadinha e queixar-me que vou ficar pra tia, estou muito bem, obrigado, mas casamento é outra conversa - eu vou de saia curta. A minha avó há-de achar uma vergonha ir de perna à mostra à igreja se calhar vai achar mais vergonha que o casamento nem seja pela igreja mas pronto mas não há-de haver viv'alma naquele casório que ache que o meu vestido era parecido com o da prima Verinha e, essencialmente, que não se lembre, que a Maria Amêndoa casou com vestido de saia curta.
 Depois outro problema que me faz ali grande confusão é a quantidade gigantesca de comida que se serve. Não gosto nada de ouvir as pessoas dizerem que a melhor parte dos casamentos é comer até rebentar, porque o casamento devia ser outra coisa e não me façam usar palavras fofinhas!
 E tirando isso, é tudo o resto: a chatice de receber a família toda em casa - os mais próximos é sempre bom, mas receber também os tios dos primos da madrinha da sobrinha da avó Zezinha e mais os primos da França e o caralho a quatro todos ali em casa a choramingar e a gemer "ai filha que tás tão linda" é para mim o filme de terror mais assustador alguma vez visto.
 E a segunda parte desse filme de terror é a parte de se ter de tirar mil fotografias em cada segundo. Impressão minha ou os casamentos só existem por causa do lobby fotográfico? Tiram-se fotos durante a manhã toda à noiva a vestir-se, e tiram-se fotos ainda em casa na recepção aos convidados, e depois é durante a missa toda, e depois é quando se assina o livro, e depois é à porta da igreja com as várias combinações de convidados possíveis, e depois é a ir para o copo d'água num carro chique alugado... Epah, que massada. Não conheço nenhum noivo que não se queixe de não ter aproveitado quase nada do seu casamento porque não podia estar 2 min sentado sem o chamarem para tirar fotografias. Eu sei que é um dia único com sorte, mas NÃO É PRECISO TAAAAANTO.
 E depois todas as tradições são iguais de casamento para casamento. É o tema do casamento, que se aplica às várias mesas dos convidados; é o bolo da noiva que é sempre branco, com andares, e com 2 miniaturas de noivos em cima; é o atirar do ramo da noiva às moças solteiras; é o Dj a passar os maiores clássicos do Martinho da Vila; e depois as modas do karaoke, do fogo de artifício, da demonstração de um powerpoint com fotos dos noivos desde bebés e uma música do Ed Sherran no fundo...
 E o que mais me irrita é que quando alguém se quiser armar em original, o seu casamento vai ser considerado uma porcaria. Porque o padrão é este, e a verdade é que o casamento é muito mais feito para as velhas da família que nos disseram que se não aprendessemos ponto de cruz nunca íamos arranjar marido a família e não para os noivos em si. E o que achariam as famílias se a noiva levasse um vestido roxo psicadélico?
 Pois.

1 micoses:

*Nightwish* disse...

É por essas, e por muitas outras, que não vou a casamentos. Quando era criança não contou. Mas realmente nunca foi a nenhum a partir do momento em que pude escolher não ir. Temos pena. Quando for de amigos bem chegados, lá terei que fazer o esforço, mas vai ser contrariada, até porque não entendo essa "instituição". Não serve para nada, se bem virmos as coisas. É só para dar uma grande festa, quanto mais parola melhor, e receber umas prendas. A família e os amigos estão vacinados comigo: já sabem que isso não vai acontecer. Daí que estou a ponderar a alternativa para receber prendas na mesma =P
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